Técnicos estrangeiros não vingam no Brasil
Rodolfo Rodrigues
Não sou contra técnico estrangeiro. Nas grandes ligas da Europa, os principais times são comandados por gringos. No Brasil, porém, contratar treinador de fora não funciona. Acredito que muitos deles não acompanham o futebol brasileiro pela TV. Chegam sem conhecer os jogadores, os adversários, nada. Chegam no escuro mesmo. E muitas vezes trazem ou prestigiam jogadores estrangeiros. Talvez aí o maior erro deles. Perdem assim o grupo e o respeito com os jogadores brasileiros, que, sim, fazem corpo mole por se sentirem preteridos por atletas e comandantes de outra nacionalidade.
O tempo de adaptação também é cruel para os técnicos estrangeiros. Eles têm pouco tempo para conhecer toda essa atmosfera. Simplesmente não conseguem. Rapidamente a torcida, os dirigentes e até a imprensa já pedem a cabeça desses técnicos.
Para se ter uma ideia de como isso não funciona na prática, nenhum técnico estrangeiro foi campeão comandando um clube brasileiro nas 17 conquistas da Libertadores ou nos 10 Mundiais de Clubes. Em torneios nacionais, nenhum treinador de fora também teve o gostinho de ser campeão da Taça Brasil (10 edições), do Robertão (4 edições), do Brasileirão (45 edições) ou da Copa do Brasil (27 edições).
Dos anos 60 para cá, foram pouquíssimos os técnicos com boas e marcantes passagens pelo futebol brasileiro. Quem se deu bem, geralmente, foram técnicos com história como jogador no país. Como o goleiro José Poy, que disputou mais de 500 jogos pelo clube e é o segundo técnico que mais treinou o clube. O argentino Poy, que só treinou clubes brasileiros, porém, conquistou apenas um título pelo São Paulo: o Paulistão de 1975. Desde então, nenhum outro técnico gringo venceu o Campeonato Paulista. O uruguaio Fleitas Solich e o argentino Filpo Núñez conseguiram destaques nas décadas de 60 e 70. E só.
Recentemente, vimos vários casos de técnicos de renome que chegaram ao Brasil e logo saíram. Todos sem títulos. Foi assim com o argentino Daniel Passarella, no Corinthians, em 2005; com Ricardo Gareca e seus vários argentinos no Palmeiras, em 2014 (durou apenas 14 jogos); Com o uruguaio Jorge Fossatti, no Internacional em 2010; O colombiano Juan Carlos Osório, no São Paulo, em 2015, que durou pouco e teve altos e baixos; além de Diego Aguirre, demitido pelo Internacional e hoje questionado no Atlético-MG. O Atlético-PR, que buscou o técnico espanhol Miguel Ángel Portugal em 2014, mandou rapidamente o treinador embora.
Hoje, no São Paulo, Edgardo Bauza já está na corda bamba após 11 jogos. Bauza perdeu em casa para o The Strongest e, ontem, para o São Bernardo pelo Paulistão. Já soma quatro derrotas em 11 jogos. E tem o River Plate, campeão da Libertadores, em Buenos Aires, na próxima quarta. É de se questionar essa escolha dos dirigentes em apostar nos técnicos gringos já que quase todos tiveram o mesmo destino: pouco tempo de cargo, nenhum título e demissão.